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Valor justo e sua importância nas avaliações.

Laudelino Jochem
Lucas Jochem

 

Olá, seja muito bem-vindo a leitura deste artigo. Hoje iremos apresentar a origem, o conceito e a importância do valor justo na mensuração de ativos, passivos, marcas, empresas e negócios.

Origem

O conceito de Valor Justo é tão antigo quanto à contabilidade, podendo ser encontrado nas civilizações antigas e sempre teve papel especial nas discussões dos métodos de mensuração para ativos e passivos. A metodologia de mensuração tem grande relevância devido ao impacto direto no valor preditivo das informações contábeis.

Quando falamos em valor justo logo nos vem à mente algo “perfeito”, “sem discussão” e que representa fielmente o valor de algo. O termo valor justo, como já falamos, é bastante antigo, porém ele ganha destaque a partir do ano de 1950 para americanos e anglo-saxões. O famoso fair value, como é denominado na língua inglesa, tornou-se o grande objetivo a ser alcançado em meio a contabilidade e de outras ciências particulares para melhor representar a posição patrimonial e financeira das empresas.

Conceito

Nos últimos anos a mensuração pelo Valor Justo vem ganhando destaque nas normas contábeis, tendo em vista seu potencial para gerar informações mais relevantes e fidedignas aos usuários. Segundo a NBC TG 46 (R2):

“O valor justo é uma mensuração baseada em mercado e não uma mensuração específica da entidade. Para alguns ativos e passivos, pode haver informações de mercado ou transações de mercado observáveis disponíveis e para outros pode não haver. Contudo, o objetivo da mensuração do valor justo em ambos os casos é o mesmo – estimar o preço pelo qual uma transação não forçada para vender o ativo ou para transferir o passivo ocorreria entre participantes do mercado na data de mensuração sob condições correntes de mercado (ou seja, um preço de saída na data de mensuração do ponto de vista de participante do mercado que detenha o ativo ou o passivo).”

Sendo assim, o ponto de partida de uma mensuração de valor justo é a análise do mercado em que o objeto da mensuração está inserido. Para alguns ativos ou passivos pode ser que exista um mercado corrente, onde podem ser observados preços de transações envolvendo objetos idênticos ao que desejamos avaliar. Porém, quando o preço não é observável é necessária a aplicação de outras técnicas de avaliação, as quais devem ter como premissa a maximização do uso de dados observáveis relevantes.

O quadro acima apresenta os níveis hierárquicos de aplicação para estimar o valor justo, onde o nível 1 é considerado o ideal e o mais confiável, o qual deve ser aplicado sempre que disponível. Já os níveis 2 e 3 somente podem ser aplicáveis quando o nível 1 não existir.

A técnica do Fluxo de Caixa Descontado (FCD) é uma das mais utilizadas e aceitas no mundo para mensuração de valor justo. Partindo de uma análise holística do mercado até o objeto da avaliação, são projetados benefícios econômicos futuros levando em conta o melhor uso possível do ativo. E, para descontar a valor presente as projeções, são utilizadas as perspectivas de risco do negócio e expectativa de remuneração do capital investido para modelar a taxa de desconto, conforme apresentado no quadro abaixo.

O FCD – Fluxo de Caixa Descontado pode ser resumido em duas etapas: projeção dos fluxos de caixa futuros e desconto dos fluxos a valor presente. A primeira etapa leva em consideração o modelo de negócio e o mercado em que o item avaliado está inserido, logo é de suma importância a compreensão do objetivo da avaliação a valor justo e a compreensão do que pretende fazer com o bem avaliado. Casos de descontinuidade exigem projeções com abordagens diferentes de quando se pretende vender o item avaliado.

Na segunda etapa o ponto mais importante é a formulação da taxa de desconto dos fluxos de caixa, na qual diversos fatores devem ser levados em consideração. Entre eles:
a) Taxa livre de risco;
b) Prêmio pelo capital investido;
c) Custo médio de capital;
d) Risco do negócio;
e) Risco do país.

Destes fatores deriva-se a taxa de desconto, a qual é muito similar a uma média ponderada de todos os fatores envolvidos. Tanto as projeções quanto a taxa de desconto são muito específicas e heterogêneas, tornando a determinação do valor justo uma tarefa que exige, conhecimento técnico, experiência e vivência de mercado.

Hoje, existem técnicas avançadas para estimar de maneira confiável o valor justo de empresas, marcas, negócios e ativos. Mesmo assim, em determinadas situações é coerente estabelecer um intervalo de valores, entre os quais o valor justo se encontra, modelo este denominado de binomial, conforme demonstra a figura abaixo, onde o valor justo se encontra entre os intervalos de 75,00 a 125,00.

Importância

Deixando de lado as situações em que a legislação obriga a avaliação a valor justo, existem outros motivos que tornam a mensuração do valor justo muito importante. Em primeiro lugar saber o valor de bens e direitos pode ser de grande utilidade nos seguintes momentos:
a) Compra;
b) Venda;
c) Investimentos;
d) Contingências e discussões judiciais ou extrajudiciais;
e) Dissolução de sociedades conjugais;
f) Dissolução de sociedades empresariais;
g) Dúvidas sobre o real valor de ativos ou passivos;
h) Entre tantos outros no dia a dia.

Bem, agora que você já descobriu a origem, o conceito e a importância do valor justo, certamente percebeu que ele pode ser encontrado para qualquer tipo de ativo ou passivo. Existem momentos que precisamos saber o valor de algo, pois isso evita decepções futuras por ter imaginado um valor maior ou menor que o realmente justo para algo. Neste sentido, sempre é aconselhável buscar um profissional qualificado para realizar a mensuração dos bens ou direitos, garantindo mais segurança e transparência aos negócios.

Por fim, nos resta agradecer a você que esteve conosco em mais este artigo onde compartilhamos um pouco daquilo que é o nosso dia a dia: avaliar empresas, marcas e negócios.

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